Projeto no RS combate o trabalho infantil com oportunidades, formação técnica e benefícios para jovens da rede pública 3b5814
Mais de 1,6 milhão de crianças e adolescentes vivem em situação de trabalho infantil no Brasil. Formação profissional de jovens ajuda a enfrentar violação de direitos 3j161v
Celebrado nesta semana, o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil desperta para a necessidade urgente de combater uma realidade que ainda atinge mais de 1,6 milhão de crianças e adolescentes brasileiros entre cinco e 17 anos, segundo dados da PNAD Contínua do IBGE. Desse total, cerca de 586 mil estão envolvidos em atividades consideradas perigosas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). No mundo, mais de 160 milhões de crianças estão em situação de trabalho infantil — quase metade delas em condições que comprometem sua saúde e desenvolvimento, segundo relatório da OIT em parceria com o UNICEF. 5l2g3q
Nesse cenário, iniciativas de proteção e inclusão ganham destaque. Entre elas está a Lei da Aprendizagem (nº 10.097/2000), que garante a adolescentes a partir de 14 anos o ingresso no mundo do trabalho com vínculo formal, direitos assegurados e sem prejuízo à educação. A lei se tornou uma ferramenta crucial no enfrentamento ao trabalho infantil, promovendo oportunidades reais de transformação social.
Transformação pela aprendizagem
A trajetória de Wenzel Murilo Cabral Scherer, de 16 anos, é um exemplo disso. Natural de Porto Alegre, começou a trabalhar aos 11 anos com reciclagem, após a separação dos pais e a mudança para a casa da avó em Carazinho. "Andava pela cidade com meu tio catando recicláveis e ajudava a separar garrafas PET e papelão. Fazíamos isso para ajudar nas despesas de casa", conta.
Sua realidade mudou desde o fim do ano ado, ao ingressar no programa Partiu Futuro Reconstrução. Hoje, atua como jovem aprendiz na Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, na recepção do setor de Tecnologia da Informação (TI). "Sou muito grato por essa oportunidade de ter um emprego com direitos garantidos, além do aprendizado e do crescimento pessoal e profissional proporcionado. É uma transformação na minha vida e na da minha família", afirma.
Além da garantia de renda e de direitos, os jovens também encontram na
aprendizagem profissional a oportunidade de conciliar trabalho e estudo, bem como adquirir novas habilidades teóricas e práticas, num ambiente que fortalece seu desenvolvimento.
Destinado a jovens de 14 a 22 anos em situação de vulnerabilidade social, matriculados ou egressos da rede pública e inscritos no CadÚnico, o Partiu Futuro é fruto de uma parceria entre o Governo do Rio Grande do Sul e a Demà Aprendiz. O programa oferece formação profissional, bolsa-auxílio de R$ 828,26, vale-alimentação de R$ 550, além de benefícios como telemedicina, orientação jurídica, reforço escolar, seguro e acompanhamento psicológico.
A Demà Aprendiz — tecnologia social da Renapsi (Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração) — capacita atualmente 750 jovens em Porto Alegre e Canoas. Os participantes têm carteira assinada e atuam em órgãos públicos municipais e estaduais, conciliando atividades práticas com aulas teóricas.
A organização acumula mais de 30 anos de mercado, proporcionando aprendizagem profissional e ajudando a trilhar caminhos dignos para a juventude brasileira. São jovens que recebem formação técnica e humanística, acompanhamento psicossocial e o ao primeiro emprego com responsabilidade social.
Para Aline Ferreira, diretora executiva da Demà Aprendiz, a data é um marco de mobilização social. "Mais do que refletir, é preciso agir. A Lei da Aprendizagem é uma ferramenta concreta no combate ao trabalho infantil. Ela garante que o jovem possa estudar, trabalhar e se qualificar com dignidade. E é nesse elo entre escola e trabalho, com responsabilidade social, que atuamos", afirma.
Aline também destaca a importância de combater o trabalho infantil invisível — aquele realizado dentro de casa ou em atividades informais não registradas nas estatísticas, mas com impactos profundos na vida das crianças. "Nosso papel é garantir que nenhum jovem precise escolher entre estudar e trabalhar. Ele tem direito aos dois, com proteção e oportunidades reais", conclui.