Conheça Igor Verde, cineasta das “soluções periféricas para problemas centrais” 2y38r
Cria do Complexo do Alemão (RJ), diretor, roteirista e escritor quer diálogos presenciais como tecnologia de sobrevivência 1b4ao
Cria do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, foi bolsista do Prouni e entrou na Globo em 2012, como assistente de direção. Roteirizou e dirigiu programas e séries de sucesso, produz para plataformas digitais e, no segundo semestre, nova estreia no streaming, com Capoeiras, na Disney.
O “conheça” do título é um apelo jornalístico. Evidentemente, não é possível conhecer ninguém, talvez nem a si próprio. Porém, é possível saber um pouco sobre quem é, o que pensa, o que come e onde mora o cineasta Igor Verde, cria do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O mano chegou ao topo do audiovisual brasileiro. m4w32
No segundo semestre deve estrear a série Capoeiras, que ele dirigiu para a Disney. O corre de Verde o coloca, sem exagero nem desconto, na lista dos mais importantes do ramo, como roteirista e diretor de cinema. Na literatura, o único livro que escreveu, Viralizou, foi finalista, em 2023, do maior prêmio literário do país, o Jabuti.
Nosso mano de 37 anos costuma acordar às cinco horas e fazer ioga. Brabo. Outra informação não encontrável na internet: o Verde, sobrenome de Igor, vem da cor do fio com o qual trançava o cabelo quando era aluno de cinema, via Prouni, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
“O sobrenome da minha mãe é Maurício, nome de um cara que mantinha pessoas em situação análoga à escravidão. Ela não quis colocar o sobrenome nos filhos. Meu nome é Igor Vieira da Rocha, sobrenome do meu pai. Mas eu também não queria usar esse sobrenome e ei a como Verde, inclusive nos meus contratos.”
Avô fundou e mantinha terreiro de candomblé no quintal 533y62
Terceira informação biográfica relevante, encontrável na internet após a publicação deste texto: o avô de Igor Verde fundou um terreiro de candomblé no quintal onde o neto foi criado, no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Iniciado aos sete anos, fez o santo.
“Queriam que eu virasse contador de histórias do terreiro, era um sacerdócio, que me travou. Quando contei que seria cineasta, a mãe pequena alertou que não era assim que a gente contava histórias.”
Igor pensava que seu caminho seria somente no audiovisual. Mas, como veremos, ele quer retornar à oralidade, embora, além de filmes, que pretende continuar fazendo, escreva roteiros e literatura. O que ele pensa sobre contar histórias é surpreendente.
Voltar a conversar com familiares e vizinhos 3d6223
“Tenho pensado cada vez mais em contar histórias oralmente”, diz Igor Verde. Como assim? Cineasta e escritor, que narra com imagens e palavras, quer falar? Ele explica que não se trata de abandonar o audiovisual, nem parar de escrever, mas de investir no diálogo presencial.
Ele acha que a conversa em casa, com vizinhos e parentes tem que “voltar a ser entretenimento” porque “é a periferia que detém a tecnologia necessária pra este mundo continuar existindo no futuro, como falar frente a frente, olhando nos olhos. Isso vai ser cada vez mais importante”.
O futuro é incerto, Igor. Mas com Capoeiras veremos novamente como você está se saindo no formato que domina. “Estou mais curioso do que os espectadores”, diz sobre a estreia da série no segundo semestre.
